Os Certificados de Aforro destacam-se como uma escolha popular entre os Portugueses, que procuram máxima segurança e um retorno previsível dos seus investimentos. Em junho de 2023 o Governo decide anunciar o lançamento da nova série F, determinando um corte na rentabilidade deste produto. Os Certificados de Aforro passam assim a ter uma rentabilidade máxima de 2,5%, menos 1% em relação à série anterior.
Apesar da previsibilidade deste instrumento de poupança, muitos subscritores não sabem como calcular a sua rentabilidade. Neste artigo vamos explicar-lhe, passo a passo, como é apurada a rentabilidade líquida deste produto, para que saiba exatamente com o que deve contar.
Taxa Aplicável e Valor Base
Em primeiro lugar, deve ter em consideração que a série F, prevê um limite máximo de rentabilidade de 2,5%. Mas pode gerar uma rentabilidade inferior, se a Euribor a 3 meses, atingir uma percentagem menor. Neste momento, a Euribor a 3 meses está fixada em valores superiores, pelo que os Certificados de Aforro desta série continuam a gerar a rentabilidade máxima prevista. Por isso, vamos utilizar a taxa de 2,5% para lhe explicar que cálculos deve fazer para apurar a rentabilidade do seu certificado (série F).
A taxa aplicável (de 2,5%) vai incidir sobre um valor base, que será o valor da sua subscrição. Neste caso em particular e para facilitar a exposição, vamos imaginar que subscreve 5.000 unidades, que equivale ao valor de 5.000€ em Certificados de Aforro.
Resultado do 1.º Trimestre
Estes são os elementos que precisamos para apurar quanto é que pode ganhar no primeiro trimestre com uma subscrição de 5.000€ em Certificados de Aforro, a uma taxa de 2,5%.
Ora, se a sua subscrição é igual a 5.000€ e a taxa de rentabilidade é de 2,5% o cálculo que deve fazer é o seguinte:
5.000€ * 2,5% =
= 125€ / 4 =
= 31,25€ – 28% =
= 22,5€
Por esta altura deve estar a fazer pelo menos 2 perguntas:
- Porque é que dividimos por 4?
- Porque é que subtraímos 28%?
Repare que aplicamos a taxa máxima de 2,5% ao valor da subscrição. O que gerou um resultado de 125€. Existem duas razões que justificam a necessidade de dividir este valor por quatro. A taxa de 2,5% é uma taxa anual e vence juros a cada três meses. Por isso, de quatro em quatro meses vai receber o proporcional dos juros, em relação ao ano. Esse proporcional resulta assim no valor de 31,25€. No entanto, não será este o valor a receber no primeiro trimestre. O que nos leva à segunda pergunta.
Qual é a razão para a dedução dos 28%? Simples. É que a taxa de rentabilidade é uma taxa anual bruta, o que significa que ao valor apurado tem de deduzir a percentagem relativa à taxa de imposto a pagar (= 28%). Não precisa de declarar no IRS uma vez que os juros são creditados na sua conta aforro líquidos de impostos.
E assim chegamos ao resultado de 22,5€.
Resultado do 2.º Trimestre
Também pode estar a perguntar-se se é este o valor que vai receber nos trimestres seguintes. A resposta é negativa. Vai receber mais. A razão é simples e tem nome: ‘’Capitalização de Juros’’.
Na prática, com a capitalização de juros, o resultado líquido de 22,5€ vai ser somado ao seu capital. Por isso no próximo trimestre o valor base não serão os 5.000€ de subscrição inicial, mas sim os 5.022,50€, o que resultará numa rentabilidade necessariamente superior. Ou seja,
5.022,50€ * 2,5% =
= 125,56€ / 4 =
= 31,39€ – 28% =
= 22,60€
Pode utilizar esta fórmula para calcular os ganhos potenciais dos trimestres seguintes. Mas nunca se esqueça de alterar o valor base e, se for caso disso, a taxa de rentabilidade.
Lembramos que neste exemplo foi considerada a taxa máxima de 2,5%. Como já referimos acima, a taxa aplicável pode sofrer alterações dependendo das variações da taxa Euribor a 3 meses em vigor. Pode acompanhar a evolução da taxa Euribor a 3 meses aqui.